A Assembleia Geral Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio), reunida em Belo Horizonte durante o IX Encontro Nacional de Ensino de Biologia, realizado na PUC-MG, em consonância com os princípios que regem sua atuação em defesa da ciência, da educação pública de qualidade e do fortalecimento das instituições científicas, vem a público expressar seu mais profundo repúdio à decisão de exoneração do Dr. Jerson Lima Silva da presidência da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), anunciada pelo atual secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes.
Jerson Lima Silva é um pesquisador com reconhecida trajetória acadêmica e científica, doutor em Biofísica e autor de mais de 230 trabalhos científicos publicados, cuja contribuição para o avanço da ciência e da tecnologia no Brasil é inquestionável. Sua atuação à frente da FAPERJ, desde janeiro de 2019, tem sido marcada pelo compromisso com a promoção de uma ciência pública, democrática e voltada aos interesses da sociedade brasileira.
A decisão de exonerá-lo, sem qualquer justificativa técnica, evidencia a interferência política na condução de uma Fundação que deve, por sua natureza, ser guiada pelos mais elevados critérios de competência, mérito e compromisso com a ciência. É inadmissível a substituição de um cientista do porte do professor Jerson Lima Silva motivada por indicação político-partidária. A mera possibilidade dessa substituição revela uma tentativa explícita de desmantelar a FAPERJ, uma instituição que, pela sua importância, deve ser protegida das forças políticas que visam instrumentalizar a ciência para fins particulares.
A SBEnBio, como entidade que luta pela democratização da educação científica e pelo fortalecimento de políticas públicas voltadas à emancipação política e social da classe trabalhadora, não pode silenciar diante deste ataque. A exoneração de Jerson Lima Silva é, em última instância, um atentado contra a autonomia da ciência, uma ameaça à produção de conhecimento crítico e uma tentativa de sufocar qualquer projeto de pesquisa que não se alinhe aos interesses imediatistas e antipopulares de grupos políticos que desconsideram a relevância do saber científico como motor de desenvolvimento social.
A FAPERJ, enquanto órgão fundamental para o fomento à pesquisa no estado, tem um papel central no desenvolvimento de tecnologias, no avanço do conhecimento científico e na formação de pesquisadores comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Assim, a Associação Brasileira de Ensino de Biologia reitera seu repúdio a essa decisão e conclama a todos os educadores, pesquisadores, estudantes e cidadãos a se unirem em defesa da FAPERJ, da ciência brasileira e da autonomia das instituições de pesquisa. Que esta moção sirva como um alerta para os graves riscos que a interferência política representa à produção do conhecimento científico no Brasil e como um chamado à mobilização em defesa da ciência e da educação pública, democrática e emancipadora.
Por uma ciência pública, crítica e autônoma, livre das amarras do controle político e comprometida com a transformação social!
Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio)
Belo Horizonte, 25 de outubro de 2024.